Liturgia diária
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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
terça-feira, 23 de abril de 2013
A
metafísica da interioridade
A obra intitulada
“Confissões” de Santo Agostinho começa com um louvor a Deus e em seguida
descreve a baixeza do ser humano; Sendo assim, existe um distanciamento da
criatura em relação ao seu criador, do que e mutável para o que é imutável.
Mostrando dois aspectos de suma importância nesta obra; que poderia ser chamado
de “metafísico” e “ético” no plano ético vemos o homem em sua condição mortal
trazendo o estigma do seu pecado. No plano metafísico, o homem é incitado por
Deus para voltar-se ao seu criador, e Agostinho confessa a Deus dizendo: “Fizeste-nos
para, tí, e inquieto esta o nosso coração, enquanto não repousa em tí” [1] apesar do distanciamento do
homem em relação a Deus. Ele aspira a Deus.
O despertar o homem para com Deus; parte da iniciativa de Deus criador,
que incitou no homem esta busca de tal maneira que o Senhor criou no ser humano
um anseio por quietude, que somente pode ser alcançado quando está em
Deus.Segundo o Bispo de Hipona, a natureza humana somente encontrará o repouso
em Deus o sumo bem. Sendo Deus o “Summum bonu” a iniciativa não é do homem
mortal, mas de Deus que é imortal e criador. O homem é a coroa de toda a
criação, porém é uma criatura; uma pequena parte da criação total.
Segundo Agostinho o homem
carrega a sua condição mortal; devido o seu distanciamento ético, este distanciamento
da criatura para com o criador gerou a morte em toda a natureza humana. A
bondade de Deus incita o homem para sentir prazer em louvar o seu Senhor, na
criação o homem é criado para buscar o seu criador, o coração da criatura esta
inquieto, enquanto encontra repouso no “Sumo Bem”. A, portanto na condição
humana um impulso que parte de cima para baixo, levando o homem debaixo para
cima. Sendo o homem rebaixado pelo pecado em caráter ético, ele se ergue por
iniciativa não dele mesmo, mas de Deus, fazendo assim que o homem ser ético
desperte para o plano metafisico.
Ao ser despertado, o ser
humano, aspira por um objetivo definitivo um sumo bem. Cuja posse gera a
felicidade perfeita, ou seja, o fim desta aspiração. O homem, esta pequena
parcela da criação, esta a procura de sua felicidade, não encontrando devido a
sua baixeza que ofuscou a sua visão ao transcendente, muitas vezes não alcança
esse bem, porque talvez contemple como o seu “Sumo Bem” outra coisa que não
Deus, desse modo, ele permanece perplexo e inquieto. A morte entra no mundo e
se torna intrínseca a vida dos seres humanos, o pecado afetou desta maneira a
natureza humana. No entanto, a aspiração pela felicidade não foi destruída, mas
podemos dizer que abalou devido ao pecado. No meio de tantos abalos, todos os
homens segundo santo Agostinho querem ser felizes, esta é uma tese muito
presente nos escritos Agostinianos. A vida feliz segundo o autor das Confissões,
somente se dará amando o criador “feliz aquele que te ama”[2] A posse da felicidade é a contemplação do
sumo bem, somente em Deus o homem será plenamente feliz. A mortalidade que o
homem carrega como sua condição mortal, não pode destruir ou aspirar pela
felicidade que todos os homens têm.
O bispo de Hipona no inicio
da sua obra das “Confissões” fala de invocar e louvar a Deus, no entanto a
invocação a Deus é uma “invocação para dentro de mim” [3] Esta invocação para o
interior do homem, nos podemos chamar de “a metafísica da interioridade”, ela
acontece devido a um despertar que vem de Deus, para o interior do homem,
fazendo com que o coração da criatura mortal, deseje a imortalidade para louvar
a Deus que é imortal. Portanto, é através de uma dimensão metafisica e uma
dimensão ética que se desenrola a busca do homem para Deus o “Sumo Bem”.
Poderíamos dizer que Deus é um ente ao lado do homem, ou melhor, dentro do
mesmo. Deus não é o ente em meio a outros, mas, o fundamento do ser em todo o
ente. Sendo assim, sem Deus não existiria nada que é existe, nem mesmo o
invocador de Deus. O homem como um ser ético, invoca a Deus em sua
interioridade, esta interioridade nós chamamos de “metafísica da
interioridade”.
[1]
Agostinho. Confissões. I, I, I. 2º. Ed. Trad. Maria Luiza
Amarante. Rev. Honório Dalbosco. São Paulo: Paulus, 1997.
[2]
AGOSTINHO. Confissões. IV,
9, 2ª. Ed. Trad. Maria Luiza Amarante. Rev. Honório Dalbosco. São Paulo:
Paulus, 1997.
[3]
AGOSTINHO. Confissões. I, 2,
2. 2ª. Ed. Trad. Maria Luiza Amarante. Rev. Honório Dalbosco. São Paulo:
Paulus, 1997.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Mestres e alunos
A verdade imutável
Agradeço a Deus pelo dom que vos deu aos professores da Faculdade São Bento; de ensinar as verdades que não são nem minha, nem sua, para que não possam ser nossa. Não somos nós que a possuímos, mas é ela que nos possui. A verdade não é uma ideia abstrata, porém é uma verdade concreta que chama-se “Jesus Cristo”. Por esta razão Santo Agostinho diz: “onde eu encontrei a verdade , ai eu encontrei o meu Deus, que é a própria verdade”.
A verdade liberta-nos dos conceitos pré-estabelecidos, das meras opiniões. Não podemos pensar que a verdade é uma dialética sem fim, onde se discutem as opiniões sem nunca se chegar a um repouso, todavia se falamos da verdade é porque ela existe se não; não falaríamos dela. A “veritas” existe não fora de nós, mas intrínseco a nossa alma quer estar sempre inquieta a sua busca.
Os homens que são desejosos da verdade se assemelham às águias, pois assim como a águia; que é o pássaro que tem um vôo mais alto entre todos os pássaros, assim são os homens que tomados por este desejo, se elevam acima de outros que não a buscam. O caminho da verdade celeste é maravilhoso e nos ultrapassa, não é orgulho voar ao seu encontro, pois como escreveu o bispo de Hipona: “ Sê humilde para evitar o orgulho, mas voa alto para alcançar a sabedoria”. O que é a verdade e a sabedoria? senão Deus encarnado entre os homens “Et verbum caro factum est, et habitávit in nobis” e o verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Os Gregos já desejavam esta verdade; A verdade imutável que transcende o mundo imanente o próprio Platão ao definir a filosofia e o filósofo dizia: “ Que filosofar não outra coisa senão o amor a Deus, e que o filósofo outra coisa não era senão o amado de Deus”. Que direi do grande Aristóteles que tanta eficácia prova a unidade de Deus, e que falou dele tão honrosamente. E´ tão verdade isto que Santo Agostinho inspirava-se em Platão e Santo Tomás, fundamentava-se em Aristóteles .
Para a busca da verdade, que possamos ser como estes homens que se assemelhavam a águia que voando mais alto encontravam a montanha mais elevada e por isso contemplaram a verdade com maior clareza, quanto mais se elevavam no pensamento terreno, mais se aproximavam da verdade celeste. Eles estavam sob duas asas: A fé, e a razão. Que possibilitava para eles voarem cada vez mais alto.
Neste ano, os alunos puderam escutar muitas verdades na boca dos professores, sem dúvida porque estavam possuídos por ela, todavia já explicava Santo Agostinho: “De qualquer pessoa que procede um conselho verdadeiro, não vem dessa pessoa humana, mas sim daquele que é a verdade, isto é, do Deus imutável”
As palavras dos mestres do ensinamento foram como que um líquido inflamável sob o meu coração. Quanto mais ensinavam filosofia, mais e mais incendiava o meu coração, para a verdade imutável. Confesso a todos os professores e alunos que meu coração esta em chamas e que nem as águas de todo o oceano são capazes de apagar. Fui possuído de tal forma pela verdade que é este fogo inextinguível que derreteu a geleira da minha ignorância e as águas que escorreram, daí deram vida a terra ressequida da minha irracionalidade.
Como escreveu São Clemente Romano “sigamos o caminho da verdade” Para a ilusão a muitos caminhos, porém para a verdade imutável apenas um. Que possamos ser iluminados por aquele que afirmou: “Ego sum lux mundi” Eu sou Luz do mundo (Jo 8,12) somente com esta luz poderemos ver a realidade, e sermos plenamente felizes, por esta razão Sêneca dizia: “ninguém, lançado fora da verdade merece o nome de feliz” para se chegar a felicidade é preciso estar sobre este trilho que conduzirá ao fim último do homem a contemplação da verdade imutável.
A sagrada escritura fonte da verdade declara: “minha boca proclama a verdade” (Pr 8,7) eu já não posso me calar a respeito dela. O meu cálice já esta transbordando como que uma água viva que sai do meu interior (Jo 7,38), esta água escorre por este texto para chegar aos vossos corações, tanto dos professores, Que são nossos tutores do saber, como dos alunos que estão aberto ao conhecer.
Enfim agradeço a todos vós que fizeram parte da minha história. Por este ano, Deus derrame chuva de graça sobre todos que no decorrer destes dois semestre se encontram, na busca da verdadeira sabedoria.
Pax et bonum
Paz e bem
Ir.Trovão
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