terça-feira, 23 de abril de 2013


A metafísica da interioridade

A obra intitulada “Confissões” de Santo Agostinho começa com um louvor a Deus e em seguida descreve a baixeza do ser humano; Sendo assim, existe um distanciamento da criatura em relação ao seu criador, do que e mutável para o que é imutável. Mostrando dois aspectos de suma importância nesta obra; que poderia ser chamado de “metafísico” e “ético” no plano ético vemos o homem em sua condição mortal trazendo o estigma do seu pecado. No plano metafísico, o homem é incitado por Deus para voltar-se ao seu criador, e Agostinho confessa a Deus dizendo: “Fizeste-nos para, tí, e inquieto esta o nosso coração, enquanto não repousa em tí” [1] apesar do distanciamento do homem em relação a Deus. Ele aspira a Deus.  O despertar o homem para com Deus; parte da iniciativa de Deus criador, que incitou no homem esta busca de tal maneira que o Senhor criou no ser humano um anseio por quietude, que somente pode ser alcançado quando está em Deus.Segundo o Bispo de Hipona, a natureza humana somente encontrará o repouso em Deus o sumo bem. Sendo Deus o “Summum bonu” a iniciativa não é do homem mortal, mas de Deus que é imortal e criador. O homem é a coroa de toda a criação, porém é uma criatura; uma pequena parte da criação total.
Segundo Agostinho o homem carrega a sua condição mortal; devido o seu distanciamento ético, este distanciamento da criatura para com o criador gerou a morte em toda a natureza humana. A bondade de Deus incita o homem para sentir prazer em louvar o seu Senhor, na criação o homem é criado para buscar o seu criador, o coração da criatura esta inquieto, enquanto encontra repouso no “Sumo Bem”. A, portanto na condição humana um impulso que parte de cima para baixo, levando o homem debaixo para cima. Sendo o homem rebaixado pelo pecado em caráter ético, ele se ergue por iniciativa não dele mesmo, mas de Deus, fazendo assim que o homem ser ético desperte para o plano metafisico.
Ao ser despertado, o ser humano, aspira por um objetivo definitivo um sumo bem. Cuja posse gera a felicidade perfeita, ou seja, o fim desta aspiração. O homem, esta pequena parcela da criação, esta a procura de sua felicidade, não encontrando devido a sua baixeza que ofuscou a sua visão ao transcendente, muitas vezes não alcança esse bem, porque talvez contemple como o seu “Sumo Bem” outra coisa que não Deus, desse modo, ele permanece perplexo e inquieto. A morte entra no mundo e se torna intrínseca a vida dos seres humanos, o pecado afetou desta maneira a natureza humana. No entanto, a aspiração pela felicidade não foi destruída, mas podemos dizer que abalou devido ao pecado. No meio de tantos abalos, todos os homens segundo santo Agostinho querem ser felizes, esta é uma tese muito presente nos escritos Agostinianos. A vida feliz segundo o autor das Confissões, somente se dará amando o criador “feliz aquele que te ama”[2]  A posse da felicidade é a contemplação do sumo bem, somente em Deus o homem será plenamente feliz. A mortalidade que o homem carrega como sua condição mortal, não pode destruir ou aspirar pela felicidade que todos os homens têm.
O bispo de Hipona no inicio da sua obra das “Confissões” fala de invocar e louvar a Deus, no entanto a invocação a Deus é uma “invocação para dentro de mim” [3] Esta invocação para o interior do homem, nos podemos chamar de “a metafísica da interioridade”, ela acontece devido a um despertar que vem de Deus, para o interior do homem, fazendo com que o coração da criatura mortal, deseje a imortalidade para louvar a Deus que é imortal. Portanto, é através de uma dimensão metafisica e uma dimensão ética que se desenrola a busca do homem para Deus o “Sumo Bem”. Poderíamos dizer que Deus é um ente ao lado do homem, ou melhor, dentro do mesmo. Deus não é o ente em meio a outros, mas, o fundamento do ser em todo o ente. Sendo assim, sem Deus não existiria nada que é existe, nem mesmo o invocador de Deus. O homem como um ser ético, invoca a Deus em sua interioridade, esta interioridade nós chamamos de “metafísica da interioridade”.



[1] Agostinho. Confissões. I, I, I. 2º. Ed. Trad. Maria Luiza Amarante. Rev. Honório Dalbosco. São Paulo: Paulus, 1997.
[2] AGOSTINHO. Confissões. IV, 9, 2ª. Ed. Trad. Maria Luiza Amarante. Rev. Honório Dalbosco. São Paulo: Paulus, 1997.

[3] AGOSTINHO. Confissões. I, 2, 2. 2ª. Ed. Trad. Maria Luiza Amarante. Rev. Honório Dalbosco. São Paulo: Paulus, 1997.

    postado por
Irmão Trovão 
Fundador da Fraternidade Combatentes na Fé

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Salve Maria