A
metafísica da interioridade
A obra intitulada
“Confissões” de Santo Agostinho começa com um louvor a Deus e em seguida
descreve a baixeza do ser humano; Sendo assim, existe um distanciamento da
criatura em relação ao seu criador, do que e mutável para o que é imutável.
Mostrando dois aspectos de suma importância nesta obra; que poderia ser chamado
de “metafísico” e “ético” no plano ético vemos o homem em sua condição mortal
trazendo o estigma do seu pecado. No plano metafísico, o homem é incitado por
Deus para voltar-se ao seu criador, e Agostinho confessa a Deus dizendo: “Fizeste-nos
para, tí, e inquieto esta o nosso coração, enquanto não repousa em tí” [1] apesar do distanciamento do
homem em relação a Deus. Ele aspira a Deus.
O despertar o homem para com Deus; parte da iniciativa de Deus criador,
que incitou no homem esta busca de tal maneira que o Senhor criou no ser humano
um anseio por quietude, que somente pode ser alcançado quando está em
Deus.Segundo o Bispo de Hipona, a natureza humana somente encontrará o repouso
em Deus o sumo bem. Sendo Deus o “Summum bonu” a iniciativa não é do homem
mortal, mas de Deus que é imortal e criador. O homem é a coroa de toda a
criação, porém é uma criatura; uma pequena parte da criação total.
Segundo Agostinho o homem
carrega a sua condição mortal; devido o seu distanciamento ético, este distanciamento
da criatura para com o criador gerou a morte em toda a natureza humana. A
bondade de Deus incita o homem para sentir prazer em louvar o seu Senhor, na
criação o homem é criado para buscar o seu criador, o coração da criatura esta
inquieto, enquanto encontra repouso no “Sumo Bem”. A, portanto na condição
humana um impulso que parte de cima para baixo, levando o homem debaixo para
cima. Sendo o homem rebaixado pelo pecado em caráter ético, ele se ergue por
iniciativa não dele mesmo, mas de Deus, fazendo assim que o homem ser ético
desperte para o plano metafisico.
Ao ser despertado, o ser
humano, aspira por um objetivo definitivo um sumo bem. Cuja posse gera a
felicidade perfeita, ou seja, o fim desta aspiração. O homem, esta pequena
parcela da criação, esta a procura de sua felicidade, não encontrando devido a
sua baixeza que ofuscou a sua visão ao transcendente, muitas vezes não alcança
esse bem, porque talvez contemple como o seu “Sumo Bem” outra coisa que não
Deus, desse modo, ele permanece perplexo e inquieto. A morte entra no mundo e
se torna intrínseca a vida dos seres humanos, o pecado afetou desta maneira a
natureza humana. No entanto, a aspiração pela felicidade não foi destruída, mas
podemos dizer que abalou devido ao pecado. No meio de tantos abalos, todos os
homens segundo santo Agostinho querem ser felizes, esta é uma tese muito
presente nos escritos Agostinianos. A vida feliz segundo o autor das Confissões,
somente se dará amando o criador “feliz aquele que te ama”[2] A posse da felicidade é a contemplação do
sumo bem, somente em Deus o homem será plenamente feliz. A mortalidade que o
homem carrega como sua condição mortal, não pode destruir ou aspirar pela
felicidade que todos os homens têm.
O bispo de Hipona no inicio
da sua obra das “Confissões” fala de invocar e louvar a Deus, no entanto a
invocação a Deus é uma “invocação para dentro de mim” [3] Esta invocação para o
interior do homem, nos podemos chamar de “a metafísica da interioridade”, ela
acontece devido a um despertar que vem de Deus, para o interior do homem,
fazendo com que o coração da criatura mortal, deseje a imortalidade para louvar
a Deus que é imortal. Portanto, é através de uma dimensão metafisica e uma
dimensão ética que se desenrola a busca do homem para Deus o “Sumo Bem”.
Poderíamos dizer que Deus é um ente ao lado do homem, ou melhor, dentro do
mesmo. Deus não é o ente em meio a outros, mas, o fundamento do ser em todo o
ente. Sendo assim, sem Deus não existiria nada que é existe, nem mesmo o
invocador de Deus. O homem como um ser ético, invoca a Deus em sua
interioridade, esta interioridade nós chamamos de “metafísica da
interioridade”.
[1]
Agostinho. Confissões. I, I, I. 2º. Ed. Trad. Maria Luiza
Amarante. Rev. Honório Dalbosco. São Paulo: Paulus, 1997.
[2]
AGOSTINHO. Confissões. IV,
9, 2ª. Ed. Trad. Maria Luiza Amarante. Rev. Honório Dalbosco. São Paulo:
Paulus, 1997.
[3]
AGOSTINHO. Confissões. I, 2,
2. 2ª. Ed. Trad. Maria Luiza Amarante. Rev. Honório Dalbosco. São Paulo:
Paulus, 1997.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário.
favor assinar nome e email
Salve Maria